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Nosso querido Fofinho

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Nosso querido Fofinho

Livro um

Porquinho

Em algum lugar muito, mas muito distante, mas tão distante do nosso planeta Terra que nem sequer podemos vê-lo, nem mesmo com os mais potentes dos telescópios, fica o Mundo Verde.

Mas por que Verde? Porque é o Rei Verde que governa esse mundo e o povo desse mundo.

E então, um dia, no Mundo Verde, mais exatamente no planeta Oinc-Terra, numa casa grande onde nascem todos os bebês, nasceu um porquinho com cachinhos acima das orelhas e uma barriga bem redonda. Ao abrir os olhos pela primeira vez, ele olhou atentamente para a mamãe e… franziu a testa.

— Você é o bebê mais lindo do mundo! — disse ela, acariciando delicadamente sua barriguinha rosada. — E eu te amo! E sempre te amarei!

O porquinho franziu a testa ainda mais. E então sua barriga sob a palma da patinha da sua mamãe começou a emitir sons que nem o borbulhar de água em uma chaleira. E mais alto, mais alto. E mais alto! E então o porquinho começou a gritar e sua mamãe não conseguia fazê-lo parar.

Os médicos correram para ver o que estava acontecendo e, a princípio, também não entenderam por que o bebê estava gritando tanto. Até que ele, soluçando lamentavelmente, enfiou o dedo na boca.

— Talvez ele queira comer? — sugeriu uma das enfermeiras.

E na mosca: assim que a mamãe deu-lhe leite, ele se acalmou. Daquele momento em diante, se ele não dormisse, comia, conseguindo sorrir de orelha a orelha. A mamãe queria chamá-lo de Hugo, mas parecia que ele não gostava muito desse nome!

Mas quando ela disse: «Que Fofinho você é, meu barrigudinho», acariciando delicadamente a barriga do filhinho, ele deu um claro sinal de que esse nome lhe caía perfeitamente.

Então Hugo virou Fofo. Mas para os mais chegados, ele era apenas Fofinho.

…A família deles era grande e todo mundo se dava bem com todo mundo. O pai do Fofinho, Crefito, era engenheiro em uma empresa que fazia novos modelos de Porconave (que eram naves interplanetárias nas quais os habitantes do Mundo Verde podiam viajar para outros planetas e mundos), e a mamãe Porqueta cuidava da casa e das crianças.

O Fofinho tinha três irmãos mais velhos e três irmãs. Todos adoravam e mimavam o irmãozinho. Sabendo o quanto ele adorava comer, sempre dividiam a comida com ele.

Porém, ele, o menor da família, era mimado por todos, sem excessão.

O papai Crefito havia providenciado um quarto especial para as crianças, onde havia uma cozinha (para que as crianças pudessem fazer mais do que apenas construir castelos de areia), uma oficina para consertar carrinhos de brinquedo e havia até um macaco de verdade, uma sala de aula e também um consultório médico com uma maca de exames e um armário cheio de instrumentos médicos, de brinquedo, claro. Por isso, as crianças adoravam «brincar de médico». Mas o que acontece é que todos queriam sempre ser médicos, ninguém queria ser o paciente. Então, para evitar brigas, eles seguiam o conselho que o papai lhes havia dado, elas tiravam à sorte, elas tinham pequenos pedaços de papel nos quais desenhavam círculos (pacientes) e uma cruz vermelha (médico).

Enquanto Fofinho ainda era um bebê pequenininho e ainda não conseguia falar, ele ouvia seus irmãos e irmãs contando e sonhava com o dia em que poderia participar da brincadeira favorita deles. Como médico, obviamente.

Quando esse dia chegou, Fofinho já tinha completado dois anos. Ele não estava mais sentado na cadeirinha. O porquinho correu para tirar a sorte primeiro. E que decepção sentiu ao desdobrar seu pedaço de papel e ver não uma cruz, mas um círculo!

Seus olhos imediatamente se encheram de lágrimas e seu focinho começou a tremer. Ele parecia tão comovido que seus irmãos e irmãs, olhando uns para os outros, decidiram cancelar o sorteio desta vez.

— Fofinho! — Allianzinha, que já tinha seis anos, sentou-se em frente ao bebê e pegou suas mãos. — A gente quer que você seja o médico dessa vez!

Mas, para sua surpresa, o focinho de Fofinho começou a tremer ainda mais! Allianzinha imediatamente abraçou o irmão, acariciando suas costas e dizendo:

— Ah, mas que é isso, não! Não chore! Você vai ser um médico maravilhoso!

— Não chora, Fofinho! — seus outros irmãos e irmãs competiam entre si para ver quem o mimava mais.

E o próprio porquinho não entendia como explicar a eles por que queria chorar ainda mais naquele momento. Era um choro de alegria, de felicidade, pois tinha certeza de que seus irmãos e irmãs eram os melhores irmãos do mundo!

Um dia, todos estavam brincando no quarto das crianças, como de costume. Fofinho chegou mais tarde. Ele não disse onde tinha estado, mas disse que desta vez queria ser o paciente.

Allianzinha, com uma roupa de médico, o colocou no sofá e começou a examiná-lo. Ela examinou seus braços, olhos, focinho e franja. Enquanto isso, ela fez cócegas na sua barriga e nos calcanhares, fazendo Fofinho grunhir alegremente. Então, pegou um laringoscópio de brinquedo (um dispositivo para examinar a garganta) e pediu que Fofinho abrisse a boca.

Ele realmente não gostou do dispositivo em forma de martelo. Então, cerrou os dentes e, «gemendo» meio que com raiva, balançou a cabeça.

— Então, vamos lá, abre a boca, Fofinho! Allianzinha pediu novamente.

Fofinho balançou a cabeça novamente, desta vez até mordendo os lábios.

— Por favor! Fofinho «grunhiu» novamente e apertou os lábios ainda mais.

— Vou só dar só uma olhadinha! insistiu Allianzinha.

— Não tem nada aí! exclamou Fofinho. — Não tem nada pra olhar!

— Tá bom, — suspirou Allianzinha. — Então me diga do que você está reclamando, paciente. — Fofinho pensou por um momento, coçou o focinho, se remexeu no sofá e então disse:

— Da vovó!

— Da vovó? — Allianzinha ficou surpresa. — Mas ela é tão boazinha!

— Não é não! — Fofinho fez beicinho. — Ela acaba de me dar três batatas! Disse que o resto da panela era para o jantar!

— Ah! Então você tá com fome? — a irmãzinha se preocupou.

— Agora já não tou! — Fofinho sorriu. — Mas só porque a tia Divinha me deu um bagel!

— Você comeu o bagel inteiro sozinho? — Allianzinha ergueu as sobrancelhas, preocupada. — Sua barriga vai ficar dodói, Fofinho!

— Bem… — Fofinho ficou repentinamente chateado por não ter guardado pelo menos um pedaço para Allianzinha. — Na verdade, eu dividi entre três…

Hábito de compartilhar

A tia Divinha, da qual o Fofinho falou, morava na casa vizinha. Seus filhos cresceram e foram estudar fora, e ela e o marido ficaram um pouco tristes. Mas ela era amiga da mamãe do Fofinho e os visitava com frequência. Ela o amava muito e sempre tentava agradá-lo — com um brinquedo novo ou algo gostoso.

Quando a avó não dava todas as batatas que Fofinho queria, ele, como sempre nessas ocasiões, fazia beicinho e balançava o focinho, ressentido. A tia Divinha imediatamente sugeria que ele desse uma volta na nova confeitaria e comprasse qualquer guloseima que quisesse. O porquinho, como por mágica, parava de chorar.

Já na loja, o cheiro de doces e iguarias o fez virar a cabeça de tal forma que ele congelou, abriu a boca e começou a mexer o focinho de um lado para o outro.

— Então, o que eu compro para você, meu amor? — perguntou tia Divinha, carinhosamente.

Naquele exato momento, um bagel recém-assado havia sido colocado na área de vendas — enorme, coberto com mel e polvilhado com nozes. Fofinho ergueu a mão gorducha, moveu-a para a esquerda e para a direita e apontou diretamente para o bagel.

— Oh! — o padeiro ficou sem graça.

E, acenando para a senhora idosa que o esperava à mesa, disse:

— Meu querido, infelizmente, este não posso te dar! É um pedido especial para a Sra. Reyna. Ela está esperando tem mais de uma hora.

Mas o padeiro não tinha pressa em entregar o bagel à senhora, como se estivesse esperando alguma coisa.

— Desculpe — disse tia Divinha. — Fofinho! Escolhe outra coisa!

— Não quero mais nada! — choramingou Fofinho cheio de manha, e seu focinho tremeu.

A senhora observava a cena atentamente, mas não disse nada e não tinha pressa em pegar o bagel.

E o padeiro ficou com ele no centro da sala.

— Fofinho! — Tia Divinha agachou-se em frente ao porquinho. — Posso falar com você de adulto pra adulto?

Naquele momento, Fofinho só queria gritar «Eu quero um bagel!» e bater os pés, mas ele amava tanto a tia Divinha…

Então, ele apenas assentiu, lambendo o focinho.

— Eu entendo que você queira um bagel. Ele tá com uma cara muito boa. Mas não é o nosso. E não devemos exigir nada! Isso não é bonito. Podemos pedir outro bagel e esperar que fique pronto. Ou podemos comprar outra coisa, algo que também seja delicioso. O que você diz?»

— Mas eu quero um bagel! — Fofinho fez beicinho.

— Eu entendo, — tia Divinha pegou a mão de Fofinho. — Mas aquela senhora maravilhosa ali também quer. Foi ela quem pediu primeiro! Se pegamos este, vamos ofendê-la. E você quer ofendê-la? Tem certeza de que o bagel ainda estará delicioso depois disso? Fofinho olhou para a senhora. Ela ainda os observava atenta e silenciosamente, mas seu olhar era muito, muito gentil e parecia esperar algo.

O porquinho entendeu que a tia Divinha estava certa: o bagel de outra pessoa, especialmente um bagel tomado de uma senhora tão boa, com certeza perderia seu saboroso gosto…

— Não, — disse ele baixinho. — Não quero ofendê-la.

— Ok, — tia Divinha assentiu, beijando Fofinho no focinho. — Estou orgulhosa de você. Vamos escolher outra coisa. Fofinho sorveu o focinho novamente, suspirou e sussurrou:

— Vamos.

— Espere um minuto!, disse a doce velhinha.

Ela se levantou da mesa e foi até Fofinho e tia Divinha.

— Eu também estou orgulhosa de você, criança! — ela sorriu, acariciando a franja cacheada de Fofinho. — O bagel é seu, pode pegar, — e se virou para o padeiro. — E eu queria muito um biscoito de aveia.

Fofinho não esperava por isso, mas estava pronto para devorar o bagel: o padeiro não ficou nem um pouco surpreso!

— Obrigada! — disse tia Divinha.

— Por que ela fez isso? — perguntou Fofinho, quando a senhora pegou os biscoitos e saiu da padaria.

— Certamente porque ela queria biscoitos! — respondeu o padeiro em vez da tia Divinha, rindo e piscando gentilmente.

— Porque também isso é um ato de gentileza! — respondeu tia Divinha.

Fofinho não entendeu bem o que isso significava, mas decidiu que definitivamente perguntaria ao seu pai. Afinal, o seu pai sabe e pode explicar quase tudo!

Depois de receber a guloseima, o porquinho, sorrindo, saiu com a tia e deu a primeira mordida. Então, pensou um pouco e partiu alguns pedacinhos do bagel, que colocou cuidadosamente na sacola da tia Divinha, dizendo:

— Estes são pra mamãe e pro papai.

Ela sorriu:

— Ótimo!

Fofinho mordeu o bagel, fechando os olhos de prazer. Então, estalou os lábios ruidosamente, mastigando a parte mordida. Ele queria muito que o bagel nunca acabasse, mas a iguaria, apesar do tamanho, derreteu diante de seus olhos. E quando não havia mais nada nas mãos de Fofinho, ele enfiou a mão no saco, tirou um dos pedaços restantes e imediatamente o enfiou na boca.

Divinha ergueu as sobrancelhas:

— Fofinho?!

O garoto ficou chateado por um segundo, franziu a testa e então sorriu docemente:

— Esse era do papai! E a mamãe vai dividir o dela com ele!

Oito bananas especiais

Fofinho não conseguia ficar bravo por muito tempo com a avó, que não o deixava comer todas as batatas da panela.

Principalmente se ela cozinhasse algo gostoso mais tarde ou concordasse em levá-lo à loja ou ao mercado.

Fofinho adorava passear pelo mercado, olhando as montanhas de vegetais, frutas, queijos, doces… E contar!

Sua avó o ensinou a se lembrar facilmente dos números. Com rimas e canções. Ela tinha uma para cada ocasião.

Então, um belo dia, Fofinho foi ao mercado com a avó e, sem muita dificuldade, conseguiu contar até oito, é claro, contando tudo o que ele mais gostava de comer:

Tomates — é um!

Dois — abacaxi, claro!

Três — me dê uma romã!

E quatro — uvas!

Cinco — vou comer rabanetes com creme azedo!

Seis — me tragam bananas!

Sete — tragam uma cesta de peras!

Oito — e geleia de framboesa!

Ele contou a sequência sem parar por um bom tempo, pensando no que perguntar à avó no mercado. Mas não conseguia decidir.

Na barraca de bananas, a avó perguntou a Fofinho:

— Quantas bananas você precisa para ficar feliz?

— Preciso de oito bananas! — respondeu o porquinho sem hesitar.

A avó claramente não esperava uma resposta assim e esclareceu:

— Eu até entendo que bananas são gostosas. Mas por que você precisa de mais oito bananas?

— Bem, como assim? Eu deveria passar fome enquanto você abre as caixas?

A avó riu, mas a partir daí começou a trazer oito bananas para Fofinho toda vez que ia ao mercado.

Corrida pela torta

O pequeno Fofinho ia ao mercado não só com a avó, mas também com a mamãe, o pai e a tia Divinha. Um dia, ele e a mamãe foram comprar batatas frescas. E lá, Fofinho viu tantas coisas deliciosas que seus olhos se arregalaram.

Aqui tem uma loja com melancias suculentas. E aqui tem uma confeitaria. Ali vendem biscoitos e donuts. E ali tem panquecas com chocolate… E também uma sorveteria… Fofinho queria experimentar de tudo!

Mas sua mamãe o segurou firme pela mão e só o deixou ir na quitanda.

Lá, ele se cansou de ouvir a mamãe discutindo as vantagens e desvantagens das diferentes variedades de batatas com o vendedor.

Primeiro, ele tinha certeza: não existem batatas ruins.

Segundo, o que há para discutir? Batatas precisam ser comidas!

E então ele ouviu uma voz alegre vinda de algum lugar na rua:

— Hora de comer! Hora de comer!

O quê? Hora de comer? Alguém está gritando hora de comer?

A sua mamãe ainda conversava animadamente com a vendedora e não tinha os olhos no Fofinho.

«Já volto! Só vou dar uma olhada! Ela nem vai notar!», — pensou o porquinho e, recuando, saiu pela porta aberta da loja.

«Hora de comer» ficou um pouco mais alto.

Fofinho correu o mais rápido que pôde em direção àquela voz maravilhosa e gentil que lhe parecia familiar — e de repente esbarrou em um porquinho com laços que pulou de um canto.

Os dois caíram e começaram a boas gargalhadas. Mas a menina logo ficou séria:

— Você vai na casa da Reyna? Vamos correr mais rápido, senão ela vai dar todas as tortas pros outros!

«Reyna?»

Fofinho se lembrou da simpática senhora da padaria que lhe dera o bagel, e seu peito se aqueceu com a lembrança.

Eles saíram correndo juntos.

— Como você se chama? — perguntou Fofinho enquanto corria.

— Mancha — respondeu a porquinha. — E você? — ela correu ainda mais rápido, provocando-os com um «hora de comer».

— Fofo. Mas pode me chamar de Fofinho — insistiu o porquinho.

Encontraram Reyna em um parque infantil. Para a alegria de Fofinho, ela era a mesma porquinha de pelo encaracolado da confeitaria. Ela distribuía tortinhas de uma cesta grande para as crianças que se aglomeravam ao seu redor, dizendo em voz alta seu «hora de comer».

— Eu me lembro de vocês — sorriram Fofinho e Reyna, entregando uma tortinha para ele e para Mancha.

Um minuto depois, elas as devoravam, balançando as perninhas no balanço, e Mancha contava que Reyna ia ao parquinho uma vez por semana e trazia tortinhas doces para as crianças. Todos as crianças da região aguardavam ansiosamente por este acontecimento. E assim que ouviram «hora de comer», corriam para o parque em direção à voz.

«Quantas tortas eles comeram sem mim?!» — pensou Fofinho, tristemente.

— De onde você é? — Reyna, enquanto isso, aproximava-se do balanço com uma cesta vazia.

Então Fofinho se deu conta de que não sabia onde morava. Afinal ele nunca saía de casa sem um adulto e não sabia o caminho de casa! Estava tão confuso que até parou de mastigar por um segundo.

— Mamãe! — soluçou Fofinho. — Não sei como encontrar a minha mamãe!

Ele soluçou novamente, mas ainda deu outra mordida. — Eu não ia desperdiçar a torta! Que maravilhosa!

— Eu o encontrei no Cantinho Rosa — disse Mancha.

— Ótimo — assentiu Reyna com um sorriso gentil. — Ele deve ter fugido do mercado. Onde você viu a sua mãe pela última vez? — ela se virou para o Fofo.

— Na loja de batatas… Mas eles também vendem donuts aqui perto! Panquecas! Sorvete!

— E você fugiu deste lugar maravilhoso? Devia ter pedido permissão à sua mamãe! — ela chegou a repreender Reyna gentilmente. — Ok, acho que sei onde fica. Encontraremos sua mamãe.

Mas não havia necessidade de procurar a mamãe dela.

— Fofinho! — Ela parou na entrada do parque com as bochechas vermelhas e balançou a cabeça tristemente.

«Teria sido melhor se ela tivesse me repreendido», pensou Fofinho, terminando sua torta e pensando que poderia ficar ali comendo mais um um pedaço. Ou dois. E que deveria descer do balanço e ir rapidamente para a casa…

Acontece que o vendedor de batatas adivinhou imediatamente para onde Fofinho tinha fugido: quando seu filho era pequeno, ele sempre fugia na «hora de comer». Absolutamente todos na área do mercado conheciam o gentil Reyna.

Pégaso Lilás

Além de comer comidas deliciosas, o pequeno Fofinho adorava brincar no principal parque infantil de Oinc-Terra, que ficava literalmente na esquina da casa deles.

Piscinas secas com bolinhas macias voando das paredes a cada dois minutos, todos os tipos de balanços, uma galeria de tiro ao alvo com prêmios deliciosos e maravilhosos, labirintos com surpresas, passeios em «panquecas» de alta velocidade, batalhas com brinquedos de pelúcia, voos sobre trampolins em guarda-chuvas elétricos — ele gostava de tudo!

Mas, para a surpresa de todos, a atração favorita de Fofinho no parque eram os «pôneis» — um carrossel antigo comum a que ninguém dava muita atenção. Ele nem tinha nome, então todos simplesmente o chamavam de «pôneis».

Cavalinhos de plástico multicoloridos, acelerando gradualmente, girando em círculo, arranhando o focinho, e a tarefa dos pequenos cavaleiros era segurar em alças especiais para não serem jogados para longe. O pequeno Fofinho tinha até um favorito: um cavalo lilás. Na primeira vez, ele o chamou de Pégaso, e a partir desse dia passou a sentar-se sempre nesse cavalinho. Se o parque estivesse ocupado por outra criança, ele esperava pacientemente, encarando o rival até que libertasse Pégaso ou o subornasse, oferecendo doces para «mudar de cavalo».

A mamãe disse a Fofinho que os «cavalos» foram os primeiros brinquedos instalados naquele parque. O bisavô, o avô e o pai de Fofinho o adoravam. Mas, de todos eles, apenas Fofinho não conseguia ficar à vontade para andar nos «cavalos». A mamãe sempre comprava para ele apenas um ingresso, para um brinquedo, e o porquinho deixa o Pégaso com a persistente sensação de que «não havia brincado o suficiente».

Um dia, o avô de Fofinho lhe deu cinco porcomedas de aniversário:

— Você já é grande! Compre o que quiser!

— «Cavalos»!

— Ok, que sejam «pôneis», — sorriu o avô. — Vá e brinque com seus amigos.

Fofinho ficou confuso por um segundo. Com amigos? Bem, sim… Só… Cinco porcomedas. São dez passeios de vinte minutos no Pégaso! Ele finalmente vai se fartar de cavalgar! Se for ao parque sem os amigos… Mas é claro que ele não contou isso ao avô, à mamãe ou ao pai.

No parque, Fofinho mostrou orgulhosamente seus cinco porcomedas ao caixa:

— Dez ingressos para os «pôneis», por favor.

O caixa, um porco velho e gordo, entregou os ingressos e perguntou:

— Seus amigos vêm mais tarde?

Fofinho deu uma risadinha:

— Não! É tudo por minha conta!

O caixa franziu a testa:

— Tem certeza, garoto? Você vai ficar tonto!

«Ele tá é com inveja!», pensou Fofinho, pegando a fita de ingressos que lhe foi entregue e correndo pelo parque em direção ao carrossel. Lá, ele mostrou os ingressos ao fiscal — dez deles –, montou no seu amado Pégaso e, agarrando-se às alças em seu pescoço, partiu…

Ele começou a escorregar de Pégaso no final do terceiro passeio, mas quando o fiscal veio ajudá-lo, ele soluçou, agarrando-se com mais força às alças do cavalo e declarou:

— Eu não vou embora! Ainda não me cansei!

Não está claro como teria terminado se o caixa do parque não conhecesse o porquinho e sua família. Ele imediatamente contou aos pais de Fofinho sobre seus dez ingressos. A mamãe e o avô correram imediatamente para o parque — e chegaram bem a tempo: era hora de tirar Fofinho dali, que estava verde de tontura, do carrossel.

O avô o carregou para casa nos braços, acariciando-lhe gentilmente as costas. Ele não repreendeu o menino. Mas Fofinho entendeu muito bem que o avô estava chateado e se sentia culpado: afinal, fora ele quem lhe dera cinco porcomoedas!

— Vovô, me perdoa! — sussurrou Fofinho, soluçando. — Da próxima vez que você me der cinco porcomedas, com certeza vou chamar meus amigos!

Esconde-esconde

Fofinho e Mancha se tornaram amigos inseparáveis. Ela era uma menina alegre e inteligente. Eles se encontravam frequentemente em festas infantis, e os pais dela ficaram felizes em conhecer a mamãe e o pai de Fofinho.

De tempos em tempos, eles levavam a filha para visitar Fofinho e também convidavam toda a família para visitá-los. Mancha era filha única e todos entendiam que ela sentia falta de irmãos.

Em um fim de semana, quando Mancha estava na cada do Fofinho e as crianças mais velhas brincavam no jardim perto da casa, as menores convenceram o pai de Fofinho a brincar de esconde-esconde com elas dentro de casa.

Mancha foi a primeira. Ela rapidamente encontrou Fofinho, que estava escondido no armário mais próximo, e seu pai, que estava escondido atrás da cortina, a quem ela disse alegremente:

— Eu consigo te ver, tio Crefito!

O pai de Fofinho foi o segundo a gritar: «Vou olhar!» Ele também encontrou facilmente o filho, que estava esparramado sob o criado-mudo, mas não levou em conta que a altura das pernas não era suficiente para acomodar sua barriga. Por causa disso, o criado-mudo tremeu traiçoeiramente sobre ele. Mas ele teve que procurar a pequena Mancha. Ela descobriu como subir em um dos parapeitos da janela e se enrolou atrás das fileiras de orquídeas que a mamãe de Fofinho cultivava.

Quando chegou a vez de Fofinho de procurar, ele contou até dez e foi procurar…

Pelo menos foi o que seu pai e Mancha pensaram, escondidos na sala de estar: o papai ficou atrás do sofá e a Mancha, atrás do pufe.

Nos primeiros cinco minutos, eles ficaram sentados em silêncio. Depois de mais cinco minutos, a cabeça de Mancha apareceu acima do pufe. Olhando ao redor, a menina não viu o Fofinho.

— Tio Crefito! — sussurrou a menina.

O pai de Fofinho olhou por trás do sofá e, ao olhar ao redor, também ficou surpreso.

Ficaram assim por mais alguns minutos, mas Fofinho não apareceu. Nem mesmo seus passos foram ouvidos.

Finalmente, eles não aguentaram mais e foram procurar Fofinho. Procuraram no quarto das crianças, no corredor, na estufa… Ele não estava em lugar nenhum!

— Espere… Acho que sei para onde Fofinho pode ter ido — sussurrou Mancha, puxando de repente o tio Crefito pela manga.

— Acho que eu também sei — ele sorriu de volta para ela.

E de fato, encontraram Fofinho na cozinha. Terminando um grande bolo de chocolate que sua mamãe tinha feito para a sobremesa de domingo.

— Fofinho! — Papai balançou a cabeça. — A mamãe fez este bolo para todos!

Fofinho engoliu outro pedaço e declarou confiante:

— Ninguém vai ficar bravo comigo!

Mas, depois de terminar de mastigar, corou de repente, sentindo que, por algum motivo, o bolo tinha parado de ter um gosto bom.

Embora o seu pai nem o tenha repreendido, e Mancha estivesse sorrindo docemente, o porquinho se sentiu mal. Ele imaginou os rostos dos irmãos e irmãs, que ele sabia que também adoravam bolo de chocolate, olhou para o pai balançando a cabeça e seu humor ficou péssimo.

Ele empurrou o prato com os restos do bolo para longe e se curvou: seus ombros estavam abaixados, seu focinho tremia…

— Ah, vamos lá, Fofinho! — vendo a decepção da amiga, Mancha se aproximou dele e acariciou sua palma.

— Eu não consigo fazer nada certo! Comi quase o bolo inteiro! — Fofinho sorveu ruidosamente, mas não tirou a mão de Mancha.

E ela de repente sugeriu:

— Vamos comprar um bolo novo! Pra todo mundo!

Fofinho soluçou:

— O quê? Gastei todas as minhas porcomedas nos «pôneis»!

— Eu não gastei! — Mancha sorriu novamente, continuando a acariciar a mão de Fofinho. — Eu estava economizando para uma carroça de porcos, mas isso… não importa! Vamos comprar um bolo e todos vão ficar felizes!

O peito de Fofinho estava quente. No entanto, ele tinha certeza de que não iria querer deixar Mancha sem uma carroça de porcos…

Por isso, seu coração quase explodiu de ternura quando seu pai, suspirando, disse:

— Não! Não vamos trocar a carroça de porcos por um bolo! Eu te dou dinheiro para comprar outro bolo!

— Que bolo? — ouviu-se de repente da porta.

Mamãe! Fofinho quis desaparecer no chão naquele momento.

— Oh-oh-oh!… — Porqueta viu os restos da guloseima. — Meu bolo… E meu Fofinho! — ela sorriu. — Bem, fiz a coisa certa ao assar dois bolos.

— Sério? — o porquinho não podia acreditar no que ouvia e, quando sua mamãe assentiu, ele se jogou em seu pescoço.

Papai e os Palhaços

O pai, apesar de toda a sua severidade, também tratava Fofinho com ternura. Contava histórias para ele dormir, respondia pacientemente a todas as suas perguntas e frequentemente lhe trazia pequenos presentes: quebra-cabeças, algo saboroso, novos livros de colorir.

Mas, acima de tudo, Fofinho ficava feliz quando o ele lhe dava miniaturas das novas porconaves que estavam construindo na fábrica e explicava como eram melhores que as antigas. Fofinho não entendia tudo completamente, mas.

Às vezes, quando o seu pai chegava do trabalho chateado ou irritado, ele não falava com Fofinho, mas ia direto falar com mãe:

— Sabe o que aqueles palhaços fizeram? Eles arruinaram todo o meu projeto de novo!

Ele xingava muito. E a mãe o ouvia e o acalmava, sempre conseguia lhe dizer algo que o fazia parar de ficar bravo e até começar a sorrir.

Para Fofinho, o trabalho do seu papai era algo mágico. O garotinho sonhava em ver uma Porconave de verdade construída por palhaços, então ele sempre pedia ao pai:

— Me leve com você!

E então, um dia, o pai perguntou a Fofinho no café da manhã:

— Você ainda quer ver uma Porconave de verdade? Quer ir trabalhar comigo?

— U-hu! — Fofinho gritou, sem saber como expressar sua alegria.

— Acho que isso significa que sim — sorriu o pai. — Então prepare-se!

A mamãe o vestiu um macacão azul com bolsos e pediu que ele se comportasse muito bem.

— Você tem que causar uma boa impressão! — disse Porqueta e beijou o filho no focinho.

A estrada até a fábrica se tornou mais uma aventura para Fofinho. O pai o levou pela primeira vez para dar uma volta em uma bicicleta inflável, sentando-o à sua frente e segurando o bebê com força pela barriga.

A fábrica revelou-se um complexo de grandes prédios brancos. Em um deles, o sonho de Fofinho se tornou realidade: ele viu uma Porconave de verdade, preso a uma estrutura pesada, perto do qual dezenas de porcos de macacão (como o de Fofinho, só que prateado) apertavam e puxavam alguma coisa…

Fofinho olhou para cada um deles cuidadosamente e franziu a testa.

— TS54 — explicou o pai. — O modelo mais novo. Eu o projetei! Se os testes forem bem-sucedidos, poderemos ver mundos cuja existência nem podemos imaginar. Vamos dar uma olhada de pertinho. Você pode até entrar, se quiser.

Mas Fofinho teve que esperar até que o pai cumprimentasse a todos antes de começarem a subir a escada para a escotilha de entrada da nave.

Na cabine havia vários porcos — com os mesmos macacões cinza — examinavam algo nos painéis brilhantes, trocando palavras que Fofinho não entendia. Ao vê-lo com o pai, todos pararam de trabalhar para cumprimentar o pai e conhecer o bebê.

— Sou Mac, — o mais novo e sorridente dos porcos acenou para ele.

Fofinho franziu a testa ainda mais.

— Sou Atti.

— Olá, Fofinho, sou Fedri.

— E eu sou Tonico. Você quer sentar no assento do piloto?

Fofinho ficou sem palavras. Embora, é claro, ele quisesse sentar no assento do piloto.

— Eu sou o Mark — sorriu outro porco, oferecendo a Fofinho um amigável cumprimento de punho em vez de um aperto de mão.

Fofinho bateu o punho no pai, mas então olhou para o pai e perguntou decisivamente:

— E quando você finalmente vai me mostrar os palhaços?

— Que palhaços? — Papai ficou surpreso.

— Você mesmo disse à mamãe que trabalha com palhaços que estragam tudo o que você cria!

Fofinho nunca entendeu por que seu pai corou depois dessas palavras, e todos na cabine do navio caíram na gargalhada.

— Gente, eu… — papai parecia não saber o que dizer.

Esta foi a primeira vez, e isso realmente surpreendeu Fofinho.

— Seu pai está certo! Mas vamos melhorar! Bem-vindo ao nosso circo, garoto! — disse Mark após rir.

O vovô e o tomatinho

Um dia, Fofinho estava de ótimo humor desde bem cedo. A mamãe avisou no café da manhã que era o aniversário do seu pai — o avô de Fofinho. Então, eles receberiam convidados à noite: o vovô e a vovó, e muitos, muitos parentes e amigos viriam. Então, ela e a tia Divinha prepararam muitas coisas deliciosas: ensopado de batata e tortas, caçarola e saladas de frutas, bolos e pudins, limonada e milk-shakes…

— Seria ótimo se você nos ajudasse, — disse a mamãe, sugerindo que o filho guardasse os brinquedos do quarto ou pensasse em algo original para o vovô…

Mas Fofinho decidiu que ajudaria de outro jeito.

Ele correu pela cozinha de prato em prato e roubou pedaços deles, fingindo provar a comida em nome da causa.

— Isso aqui está muito doce! Isso está muito gorduroso! Tem algo amargo na limonada! Não há vegetais suficientes no prato! — Não colocaram molho na salada de frutas! — disse ele com a expressão mais séria.

A mamãe apenas sorriu de volta, e a tia Divinha entrou na brincadeira:

— Ok, ok! Vamos resolver tudo!

Quando a mesa ficou pronta e os convidados chegaram, Fofinho de repente soluçou e percebeu que não conseguia comer mais nada!

Ele tinha comido tanto durante o dia que sua barriga inchou como um tambor, e não sobrou nem um pedacinho vazio!

A noite toda, sentado à mesa ao lado do vovô, que elogiava o ensopado e as tortas, Fofinho invejou seu apetite e, tristemente, cutucou seu prato com um garfo, pensando em quanta comida maravilhosa havia sido desperdiçada e que ele ainda tinha que comer pelo menos alguma coisa… Comer sem explodir! Mas o quê?

E então o avô, tendo mordido outra torta, virou-se para Fofinho:

— Bebê! Por favor, me passa aquele tomatinho.

Fofinho olhou para o prato de legumes. O Vovô realmente não conseguia alcançá-lo. Mas Fofinho conseguia!

— Não há tomates… — murmurou o porquinho.

— Ali, atrás dos pedaços de pimentão e alface, — apontou o Vovô, — tem um ali.

Fofinho tirou um tomate — minúsculo, como uma uva, e… imediatamente o colocou na boca.

— Pronto! Agora não tem mais nenhum! — declarou ele, cravando os dentes no tomate.

E ficou muito surpreso, inclusive o Vovô. Isso de repente fez o Fofinho e sentir constrangido.

— Vovô, eu… eu… sinto muito!

— Está tudo bem, Fofinho! Não se preocupe! — disse o Vovô e beijou o pequeno na cabeça.

E então a Tia Divinha foi até a cozinha e trouxe outro prato, cheio até a borda com tomatinhos. Para Fofinho, aquele momento foi o mais maravilhoso — ele percebeu que seu avô também ganharia um tomate pequeno. Quantos tomates ele iria querer! E como é bom quando temos uma chance de compartilhar! Fofinho estava convencido disso mais uma vez.

Jovem leitor

Naquele dia, esperavam-se visitas na casa. A mamãe havia colocado algumas balas de nozes em embalagens coloridas em uma tigela com antecedência, ameaçando severamente o pequeno Fofinho:

— Não pegue as balas até que eu diga que pode pegar!

Depois dessas palavras, ela foi embora. Fofinho ficou sozinho. Como ele poderia não devorá-las se eram tão tentadoras, tão tentadoras?! Mas a mamãe não havia dito para ele…

Fofinho sentou-se na cadeira, olhou para a tigela de doces e começou a pensar no que fazer em seguida, resmungando ressentido sob o focinho:

— Eu quero doce! Eu quero doce! Eu quero doce!

O pai, que havia retornado do trabalho, ouviu o filho resmungando e, sorrindo, disse:

— Bem, pegue, se você quer tanto.

— Sério? — Fofinho olhou para trás, olhou com adoração para o pai e imediatamente pulou da cadeira para a tigela, agarrando os doces com as duas mãos ao mesmo tempo.

— E por que duas mãos? — perguntou papai, sério.

— A-a-a… Vou dar para alguém na rua-a-a — gritou o garoto enquanto fugia.

— Que filho gentil nós temos! — Disse orgulhoso para a mamãe quando ela voltou para o quarto. — Eu o deixei pegar o doce. Mas decidiu dividir com um amigo!

Os pais não tiveram a chance de conversar sobre a generosidade de Fofinho, — alguém chamava à porta. A mamãe abriu. Um dos amigos de Fofinho, Bolinho, estava parado na soleira. Ele segurava uma embalagem de doce na mão.

— Por favor, me diga uma coisa — disse ele, melancolicamente, estendendo a embalagem -, é verdade que aqui está escrito que eu tenho que dividir este doce?

— Por que você pergunta?

— Porque Fofinho me deu um doce, mas disse que era especial. Que eu tinha que compartilhar com ele.

— Com quem? — perguntaram Crefito e Porqueta em uníssono. — Fofinho diz que aqui está escrito «Compartilhe com o Fofinho».

A mamãe pegou a embalagem do doce e entregou ao pai.

— Você dividiu? — perguntou ele.

— Sim — respondeu o porquinho. — Na hora! Mas será que está mesmo escrito aqui ou ele inventou tudo isso?

E então ele sussurrou:

— É que eu ainda não sei ler…

— Você é um ótimo menino — disse o pai, mas seu rosto ficou muito triste.

— Não fique chateado! — exclamou a mamãe. — Tome, pegue. O Fofinho ainda não experimentou este. Dê a ele e diga que está escrito «Compartilhe com o Bolinho».

Literalmente cinco minutos depois, o Fofinho correu para dentro de casa sem fôlego — com aquele mesmo doce na mão. O Bolinho correu atrás dele.

— Pai! Pai! É verdade que aqui está escrito «compartilhe com o Bolinho» aqui no doce? — gritou o menino em voz alta, quase chorando.

— E «Compartilhe com o Fofinho»? — Olhando diretamente nos olhos do filho, o pai perguntou.

O pequeno Fofinho franziu a testa, franziu as sobrancelhas e curvou os ombros ao mesmo tempo, depois balançou a cabeça, limpou o focinho com a palma da mão e se virou para Bolinho. Desembrulhou o doce, partiu-o cuidadosamente ao meio e entregou uma metade ao amigo:

— Aqui, Bolinho! Vamos aprender a ler juntos!

— Vamos! — Bolinho comemorou, mastigando o doce.

— Pai! — Fofinho terminou sua metade em um segundo. — Tenho uma conversa séria com você! Você vai nos ensinar a ler, certo?

— Com certeza! — sorriu o papai porco, abraçando as duas crianças.

Nosso querido Fofinho. A escola

Livro dois

Quase uma pequena vida adulta

Ele continuou a roncar baixinho, mesmo quando ouviu uma melodia calma e doce, alegre, que lhe chegava aos ouvidos, considerando-a parte do sonho e sonhando que em breve sua mamãe entraria em seu quarto, o beijaria em algum lugar na região da franja e diria carinhosamente que os cheesecakes estavam prontos e esperando por ele, aquela Fofinho dela. E só então ele realmente acordaria.

Quando o porquinho finalmente percebeu que sono e música eram coisas distintas, espreguiçou-se e abriu os olhos, percorrendo o quartinho com certa surpresa pelos segundos seguintes e fixando o olhar no berço junto à parede ao lado, onde um bebê de pijama com flores de ouriço cochilava, com os braços e as pernas abertos como uma linda estrelinha. A música definitivamente não o incomodava. O próprio Fofinho tinha um pijama de bolinhas que ele adorava — sua vovó lhe dera de presente.

Ah, ele voltou para a escola! Longe da mamãe e de toda a família, que o amam tanto!

«Só estou aqui há dois dias», pensou Fofinho com tristeza, dando tapinhas na barriga por algum motivo, como se alguém pudesse vê-lo a ponto de chorar. — Mas ainda tenho muitos, muitos, muitos dias para viver! Aqui! Na escola! Como vou suportar tudo isso?

…Não se surpreendam, não se assustem e não se apressem em repreender os parentes de Fofinho.

O bebê não foi abandonado. É uma tradição em Oinc-Terra mandar os bebês para a escola assim que completam cinco anos, onde vivem e estudam até os cinquenta.

Mas como isso é possível, vocês perguntam? Quarenta e cinco anos inteiros! O bebê só vai sair da escola aos cinquenta! Ele já será um velhinho e não um bebê!

Não!

Parece incrível, porque na Terra cinquenta anos é uma idade muito séria e que exige responsabilidade. Mas não no Mundo Verde, onde os porcos vivem cerca de seis mil anos e, com modestos cinquenta anos, estão apenas terminando o período mais delicado da infância. Então, as vagas nas escolas são reservadas para eles, e os mais talentosos aguardam as academias especializadas do Mundo Verde.

— A escola é interessante, disseram eles, a escola é legal, disseram eles! — Fofinho resmungou baixinho, sem saber se queria que seu colega de quarto, Verdinho, acordasse e o ouvisse ou não.

Ele só tinha certeza de uma coisa: não queria estar ali! Nunca se acostumaria! Precisava ir para casa! Mamãe estava lá, Allianzinha estava lá, todos que o amavam estavam lá! Havia cheesecakes lá!

Ao mesmo tempo, Fofinho entendeu que não podia ir para casa…

Engolindo o focinho e revirando o nó de lágrimas na garganta de cima a baixo, o porquinho cerrou os dentes.

«Eu não vô chorar! Eu não vou! Eles vão ver só! Então… O que eu devo comer?»

Movendo-se em seu berço, Fofinho inclinou a cabeça em direção ao criado-mudo e abriu a porta silenciosamente. O que temos aqui? Rosquinhas. Bananas secas. Batatas fritas!

Pegando o pacote e tentando ao máximo agitá-lo o mais silenciosamente possível, Fofinho abriu o pacote e, feliz, colocou a primeira batata frita na língua. Ótimo!

Por volta do décimo dia, seu humor havia melhorado significativamente. A comida sempre tinha esse efeito em Fofinho. Na verdade, ele comia o tempo todo. E quando se sentia bem (precisa comemorar!), e quando se sentia mal (precisa se consolar!), e assim mesmo (afinal, se existe comida tão maravilhosa, por que não devorá-la?)

Verdinho nunca acordava enquanto Fofinho estava tomando seu «pré-café da manhã». Portanto, antes de acordá-lo, o porquinho escondeu o pacote de batatas fritas debaixo do travesseiro, um pouco envergonhado por não ter deixado um único pedaço para o companheiro de quarto. Um pouco, porque Verdinho era indiferente à comida, e aos olhos de Fofinho, essa era sua qualidade mais maravilhosa.

Depois de observar seu companheiro de quarto roncando por um minuto, Fofinho sorriu e gritou alto:

— Levanta! Como é que você consegue dormir tanto?!

Verdinho pulou da cama, surpreso — direto da sua posição deitada — e então, percebendo de onde vinha o grito, enterrou-se no cobertor com um grito lamentoso:

— Fofinho! Você não cansa de gritar assim todas as manhãs?

— Ok, desculpe! — riu o porquinho, abaixando as pernas até o chão. — Vou me lavar e escovar os dentes. E você também, vamos lá, anime-se! Hoje é o nosso primeiro exercício geral, lembra?

...Verdinho era sobrinho de Patrício e um porquinho muito esperto, estava sempre brincando ou inventando algo em sua mesa de dados (o análogo do planeta Oinc-Terra do nosso tablet). Ele tentou fazer com que Fofinho se interessasse também por isso, e este até fingiu algumas vezes que estava interessado em aprender mais sobre programas e algoritmos, mas os bocejos constantes o entregaram todas as vezes. Que bom que Verdinho não se ofendia, apenas ria.

Seus pais lhe deram um grande suprimento de nozes, biscoitos e laranjas, e logo no primeiro dia ele ofereceu a Fofinho um pouco da comida que estava na sua mesa de cabeceira. Fofinho não recusou nem pensou duas vezes, devorou tudo…

O próprio Verdinho havia roído pelo menos algumas nozes em dois dias — além dos cafés da manhã, almoços e jantares padrão da escola, expressando completa indiferença ao que mastigava.

Mas Fofinho comia, comia e comia, só fazia comer: no refeitório, em seu quarto, durante as aulas. Suas bochechas eternamente cheias e sua boca cuidadosamente estalando atraíram até a atenção da professora, que a princípio decidiu que o garoto não tinha tido tempo para comer com os outros e agora estava compensando, mas depois percebeu que aquele porquinho vivia de comida.

— Pelo menos não mastigue durante as aulas! — pediu a professora.

Fofinho se esforçou muito para atender ao seu pedido. Ele se segurou durante todas as aulas. Com todas as suas forças. Por cerca de cinco minutos. E então ele desistiu e encheu a boca.

Como ele poderia não mastigar se queria ir para casa? Se estava nervoso? Se a comida era tão deliciosa?

…Ele tentava amarrar os cordões do agasalho, olhando sonhadoramente para a cama: desejava poder se jogar nela novamente, quando Verdinho, completamente vestido e já tendo arrumado a cama com capricho, olhou pela janela e disse:

— Vai rápido, Fofinho! Enquanto estamos brincando, os rapazes já comeram e estão indo para a academia.

Fofinho apreciou seu tato. Verdinho disse: «Estamos brincando», embora Fofinho fosse o único dos dois brincando.

— Eu quero ir para casa! — Ele se virou para o amigo.

— Escuta! — Verdinho levantou a mão. — Nós já conversamos sobre isso ontem. Em dois dias, o fim de semana acaba e todos poderemos ir para casa. Mas agora temos que fazer o que precisa ser feito. E precisamos correr para o refeitório e depois ir pra aula de Edução Física. Senão, o professor vai pensar numa maneira de nos punir. Ele não vai nos deixar ir para casa. Ou algo pior ainda, — Verdinho sorriu, — vai confiscar tudo o que está em nossas mesas de cabeceira.

Fofinho sabia perfeitamente que o amigo estava brincando. Mas a ideia de que seria legal esconder todas as guloseimas nos criados-mudos lhe veio à cabeça.

Mas Verdinho tem razão, pensou ele, enquanto devoravam apressadamente o mingau de arroz na sala de jantar, acompanhados de chocolate quente aromático. Logo chegará o fim de semana. E então… casa, mamãe, Allianzinha. A avó vai cozinhar as batatas favoritas dele. Ele poderá brincar de médico ou cozinhar com os seus irmãos.

Cozinhar! Isso mesmo!

Ultimamente, essa brincadeira tinha se tornado a favorita de Fofinho. A avó sempre separava comida para o seu prato favorito e o observava com carinho enquanto ele fazia tortas, panquecas ou sovava um ensopado. As tortas de Fofinho quase sempre ficavam tortas, as panquecas grudavam umas nas outras e o ensopado parecia mais… Para ser sincero, ninguém sabia dizer com que aquilo parecia.

Mas o porquinho tinha muito orgulho dos seus pratos e comia tudo o que cozinhava, às vezes dando um pedaço para a avó ou para Allianzinha. Um pedacinho. Mas parecia que elas não se ofendiam.

— Vamos? — Verdinho tocou-lhe no ombro.

— Vamos!

Quando Verdinho e Fofo entraram no ginásio, ficaram muito surpresos. Todas as crianças do grupo já estavam alinhadas em frente à professora, e bem na frente delas estavam os mesmos porquinhos de sempre — avós e avôs de fato de treino.

— Não entendi! — Fofinho não conseguiu conter-se.

Verdinho cutucou-o na lateral, sussurrando:

— Shhh!

Mas o professor — um porco alto e musculoso chamado Marcão — os ouviu. Virando-se para olhar os atrasados, apontou para o fim da fila. Os dois porquinhos caminharam obedientemente para os seus lugares e, ficando lado a lado, esticaram os dedos dos pés.

— Vamos repetir especialmente para os atrasados. Hoje, pessoal, é o dia de vocês conhecerem seus mentores mais velhos. — Marcão curvou-se respeitosamente para os porquinhos idosos, e eles responderam da mesma forma. — Nós os chamamos de tutores. Eles são seus assistentes e professores, que estão sempre prontos para apoiá-los e responder às suas perguntas. Eles os ajudarão nas aulas, brincarão com vocês, lerão para vocês até que aprendam, mostrarão como cuidar das plantas…

— E o que podemos fazer por eles? — guinchou uma porquinha gordinha. — Isso seria justo!

— Uma pergunta maravilhosa, Seta. — Marcão sorriu, acenando para a garota que corava de vergonha. — Mas tudo bem, só exigimos que se dediquem muito aos estudos. Assim seus tutores ficarão muito satisfeitos com vocês.

Fofinho notou como um dos porquinhos idosos, parado no centro da fila, pressionou a mão contra o peito e curvou-se suavemente para Seta. Ele ficou imediatamente chateado por não ter sido ele quem fez a pergunta. Teria sido ótimo causar a mesma impressão… Sua decepção foi tão grande que ele nem percebeu o sorriso caloroso com que outra pessoa observava seu rosto carrancudo o tempo todo.

Capitão Pelagão

Quando o professor deu a ordem para começar os exercícios, o humor de Fofinho piorou mais do que nunca. E Seta ficou na equipe deles e fez todos os exercícios, Fofinho teve que admitir que ela era realmente boa. Não era como ele, que não conseguia fazer nada corretamente. Mas ele suava como se tivesse corrido uma maratona.

Após o aquecimento, Marcão acenou com a cabeça para as raquetes dispostas ordenadamente sobre os tatames e disse:

— E agora vamos separar os equipamentos e aprender a jogar pelagão!

Uau!

Fofinho viu como se jogava: equipes de cinco pessoas em fila, frente a frente, a uma distância de cinco a sete metros, e lançam uma bola leve para frente e para trás. A tarefa de cada jogador que saca é confundir os adversários para que seja difícil para eles adivinharem para quem passarão a bola no próximo segundo. A equipe que deixar a bola cair mais vezes em dez minutos é considerada a perdedora. O porquinho sempre se divertia observando com que frequência os jogadores de pelagão do bairro corriam para pegar a bola todos ao mesmo tempo, se esbarravam e a bola caía o tempo todo..

O pai lhe disse que esse era o problema de todos os times que não jogavam juntos, onde cada um jogava por si, sem pensar nos companheiros. Mas bons times, especialmente times da liga principal, mostravam um jogo completamente diferente. É por isso que Fofinho sempre sonhou em ver bons times. E parece que seu sonho se tornou realidade.

Ao descobrir que metade das crianças não sabia nada sobre pelagão, Marcão pediu aos tutores que fizessem uma partida de teste para que os porquinhos pudessem ver o que e como precisavam fazer.

Fofinho assistia com os olhos arregalados, impressionado com a harmonia com que os avós jogavam, como se entendiam à primeira vista, com a clareza com que sacavam, conseguindo dar aos seus parceiros o sinal: «Deixa comigo»…

O jogo de teste dos tutores durou meia hora, pois eles não deixaram a bola cair por muito tempo: nem um nem outro time, o que tornou impossível sequer abrir o placar.

Marcão interrompeu o jogo com o placar de dois a um, observando que era um prazer assistir, mas que os pequenos estavam entediados e era hora de incluí-los no jogo. Ele começou a dividir todos em times mistos, com porquinhos e tutores adultos, e explicou que tudo seria justo, que jogadores experientes estariam em ambos os lados.

Depois disso, todos se espalharam rapidamente pelo salão e se amontoaram. Por algum motivo, nem Verdinho nem Seta ficaram no mesmo time que Fofinho.

O porquinho olhou cautelosamente para seus novos parceiros. Este, ao que parece, Kleber, parece atlético. Mesmo agora, ele pula de vez em quando, abrindo e fechando as mãos. Ele está treinando? Ou só imaginando? E Milena. Ele a conhece, ela também não é má, forte, embora seja uma menina. E quem é esse? Nunca o vi antes. Mas ele não é um fracote, isso é certo. Grande para um calouro…

Os tutores também são bons. Além do porquinho mais idoso que se curvou para Seta, há mais dois que participaram do jogo de exibição. Mas essa vovó, por que ela está aqui? Ela é um pouco mais alta que Fofinho, e magra, como um galho de tomateiro. Que tipo de jogadora ela é? Você pode derrubá-la com essa bola… E por que ela sempre sorri quando olha para ele? Que chato!

— Quais são os seus nomes? — perguntou o porquinho idoso aos porquinhos.

Eles se apresentaram um por um.

Kleber. Milena. Fofinho não confundiu os nomes. Milo. Salo. Bento.

Depois disso, o velho porquinho levou a mão ao peito e disse:

— Lúcio, — depois apontou para os outros dois porquinhos adultos da equipe, «Alex e Túlio», e finalmente se virou para a avó, que estava envergonhando Fofinho com seus sorrisos. — E este é o nosso orgulho — Ravena!

Ele pronunciou o nome «Ravena» com tanta força, como se estivesse imaginando pelo menos o Rei, e ao mesmo tempo fez uma leve reverência. Os outros tutores naquele momento olharam para a avó como se estivessem prestes a se sentar em sinal de respeito. Mas quem surpreendeu Fofinho ainda mais foi Milena. Ela realmente se sentou na frente de Ravena, tocando o chão com o short, cruzou as mãos à frente em oração e guinchou:

— É você, senhora!

— Não-não-não, pare, minha menina — Ravena imediatamente a levantou gentilmente deste meio-agachamento e a abraçou. — Somos amigos e parceiros. Se eu ouvir «senhora» mais uma vez, vou ordenar que você fique sem doces por cinquenta anos.

Cinquenta anos? Sem doces? Mas ela… Ela… Ela é má!

Fofinho simplesmente não conseguia imaginar cinquenta anos sem doces! Ele não consegue passar um dia sem biscoitos! Ele estava simplesmente explodindo de vontade de falar, como essa Ravena era injusta! E ela, enquanto isso, olhava para os porquinhos e acrescentava:

— E isso serve para todos.

E sorriu novamente, parando diante da cara carrancuda de Fofinho. Mas não disse mais nada.

Mas Lúcio disse:

— Então, precisamos escolher um capitão de equipe. Alguém tem…

— Eu! — disse Fofinho, não o deixando terminar.

Ravena riu imediatamente, e de forma tão contagiante que os tutores, um tanto atordoados, também começaram a gargalhar, envergonhando completamente o porquinho, que de repente percebeu que ele havia se comportado de forma indelicada.

— E por que você? Eu sou a favor… Quer dizer, eu escolheria a Ravena! — Milena falou.

— Eu também! — murmurou Kleber.

«Ah, então! Não vou mais convidá-la para comer os bolos da mamãe», decidiu Fofinho. — E também não vou convidar o Kleber! Nunca!» Embora ele não o tivesse convidado ainda. De qualquer forma não iria mais!

— Eu escolho o Alex, ele joga muito bem — Salo interrompeu.

Esqueceram de perguntar a ele — Fofinho franziu a testa! E eu não vou convidá-lo!

— Eu gosto dessa ideia — declarou Ravena de repente, enxugando as lágrimas de riso dos cantos dos olhos com o dedo. — Pessoalmente, eu escolho o Fofinho, pessoal. Alguém quer discutir comigo?

Por algum motivo, ninguém discutiu com ela. O que deixou o porquinho perplexo. Quem era ela? Responsável pelo depósito de doces? Então todos a ouviam? Não queriam ficar sem doces e biscoitos? Ele decidiu pensar no assunto mais tarde. Agora precisava se concentrar no jogo, que só tinha visto antes, mas nunca tentara jogar.

Os porquinhos se esforçaram muito, mas tudo o que conseguiram, exceto Kleber, que parecia conseguir prever para onde a bola voaria e quem seria o primeiro a pegá-la, foi derrubar uns aos outros e se chocar contra os tutores. Mesmo assim, foi divertido. O humor de Fofinho até melhorou, até que ele conseguiu voar direto para cima de Ravena e cair no chão com ela.

Naquele momento, enquanto os outros jogadores corriam em sua direção, de todos os times ao mesmo tempo, um milhão de pensamentos diferentes passaram pela cabeça de Fofinho: de «Estou ferrado, machuquei minha tutora» a «Nunca mais vou conseguir doces em lugar nenhum».

Mas Ravena, que se levantou rapidamente e pegou Fofinho no colo, parecia não querer privá-lo dos biscoitos, mas, pelo contrário, estava preocupada que ele se machucasse:

— Você está bem, gatinho? — Ela apertou o ombro dele, depois as costas. — Está doendo? Aqui?

O quê? Eu, gatinho? Eu sou um porco! E sempre fui! Mas, por algum motivo, a preocupação dela e o tratamento bobo de «gatinho» o tocaram tanto que ele sentiu vontade de chorar. Então, para que nenhum dos porcos ao redor, grandes e pequenos, percebesse, ele enterrou o focinho no peito de Ravena, que o abraçava. E ela, sentindo que ele tinha começado a chorar, o abraçou ainda mais forte.

— Por que vocês estão todos amontoados? — Fofinho ouviu a voz de Ravena. — Vão brincar, continuem brincando! A aula ainda não acabou! Marcão, eu não te reconheço! Cadê a disciplina? Fofinho e eu resolvemos isso!

…Fofinho estava muito curioso sobre quem ela realmente era. Mas tinha vergonha de perguntar a Ravena. E queria se dirigir a Kleber e Milena. Perguntou a Verdinho, que apenas deu de ombros, o que, por algum motivo, irritou Fofinho. Então, decidiu sentar-se mais longe dele, na sala de jantar.

…Ela se aproximou dele quando a sala de jantar já estava vazia, e ele, sentado sozinho, raspou, carrancudo, os restos de sopa de purê de abóbora em um prato.

— Você não está satisfeita, criança?

Fofinho ergueu os olhos da mesa. Ela era muito jovem, com cachos acima das orelhas bem cuidadas e uma constelação de sardas ao redor do focinho brilhante. Parecia um pouco com Allianzinha, sua querida irmãzinha.

Mas que tipo de bebê ele é para ela? Ele está na escola!

— Por que você está tão calado? — a menina sorriu. — Você quer mais?

— Eu quero… — respondeu Fofinho cautelosamente, sem acreditar no que ouvia.

Será que pode?

— Agora mesmo!

A menina correu imediatamente para a cozinha e saiu literalmente um minuto depois — com uma grande xícara fumegante em uma mão e uma torta de queijo na outra. Ela colocou tudo isso na frente de Fofinho, sentou-se à mesa ao lado e disse com um sorriso:

— Eu sou Diany.

Ele deu uma mordida na torta e se apresentou:

— Fofinho.

E um segundo depois, depois de pensar, acrescentou:

— Obrigado!

— Coma, coma! — ela apoiou as bochechas com as mãos.

— E você é sem? — perguntou Fofinho com a boca cheia.

Mas Diany entendeu:

— Eu sou a degustadora da escola.

— Sem? — Fofinho ficou surpreso. — Uma degustadora?

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